O óbvio que poucos enxergam, por Luiz Henrique da Silveira, senador da República

O óbvio que poucos enxergam, por Luiz Henrique da Silveira, senador da República

Por quantos séculos carregamos pesadas malas? Quantas lesões na coluna, nos joelhos e nos quadris foram provocadas por sustentá-las nas mãos, nos aeroportos, nas estações rodoviárias e ferroviárias? Quanto tempo levou até alguém inventar aquelas quatro rodinhas, que tornou tão leve e confortável manuseá-las?

Quantas décadas se passaram até que um “gênio” aumentasse o consumo e as vendas de pastas de dentes, aumentando os lucros das companhias, simplesmente ao alargar o orifício dos tubos? Essas são apenas duas descobertas óbvias, tão óbvias, que ninguém foi capaz de imaginá-las antes.

Assim é o financiamento público e a proibição de dinheiro privado nas campanhas eleitorais. O Brasil já aprimorou o processo eleitoral, ao criar a urna eletrônica, ao proibir “showmícios” e “outdoors”, mas estes e outros avanços não atingiram o ponto central da anomalia eleitoral que é o financiamento privado.

O envolvimento de dinheiro privado nas campanhas eleitorais é a grande fonte de corrupção, nos governos e nas empresas. Os fatos lamentáveis que vem sendo denunciados na imprensa e punidos na Justiça foram gerados pela forma como são financiadas as campanhas eleitorais.

A pré-produção de programas eleitorais, na televisão e no rádio exige a montagem, nos comitês de campanha, de verdadeiras emissoras de radiofônicas e de TV, com contratação de dezenas de profissionais de alta remuneração (certamente centenas, nas campanhas para Presidente da República).

Essa pré-produção cria uma “guerra eletrônica”, em que os candidatos competem com efeitos especiais, computação gráfica e todos os recursos tecnológicos da cinematografia e da radiofonia mais modernas. Resultado: os preços das campanhas, no rádio e na televisão, vão à estratosfera. De onde vem os recursos para bancar tudo isso? Será que ninguém é capaz de enxergar que, sendo a campanha ao vivo, os candidatos ficam livres dessas despesas “trilionárias”.

A propaganda feita ao vivo fará desaparecer a maquiagem dos candidatos, produzida por marqueteiros. Aliás, alguns deles acabam se arrojando como os vencedores das eleições.

Outra decisão indispensável seria a da lista fechada, nas eleições proporcionais (Vereador, Deputado Estadual e Federal). Ela substituiria o voto em pessoas pelo voto nos partidos, cujas listas de candidatos seriam elaborada pelos convencionais, que escolheriam, cada um, cinco nomes, para impedir o “caciquismo” partidário.

Há outras reformas óbvias a fazer, como a inelegibilidade por oito anos para quem trocar de partido; proibição tanto de coligação nas eleições proporcionais; como de publicação de pesquisas, pelo menos, 15 dias antes dos pleitos. Mas, só o financiamento público já nos livraria da influência do poder econômico, reduzindo, sobremaneira, a corrupção no País.

Vejamos o que ocorre nos Estados Unidos. Segundo Al Gore (“O Futuro”), o financiamento privado “atende a interesses especiais, que garantem a maioria do dinheiro com o qual os políticos (de situação e oposição) pagam suas campanhas eleitorais. Portanto, não corresponde mais às preocupações do povo norte-americano. Seus ocupantes ainda são chamados de “representantes”, mas a maioria deles, hoje, representa apenas as pessoas e empresas que fazem doações de campanha, e não os eleitores”.


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